“- O que é pra gente fazer?
- Sei lá! Sorria!”
Segurem as pedras, fãs de Bakugan, eu AINDA não xinguei a série. Me refiro ao formato que o anime assume. Muita gente confunde, mas existem dois tipos de derivados de games ou “jogos de tabuleiro”: Os baseados em e os DE. O primeiro caso pode ser exemplificado com o anime de Dragon Quest, conhecido por estas bandas como Fly. A maioria dos fãs desse desenho nunca ficou sabendo que ele era baseado em uma série de games quase tão forte quanto Final Fantasy no Japão (e Sake com Sal é cultura, trazendo informação até você!). Apesar disso, o que vemos é uma história original, com personagens originais, que tira elementos do game, como os monstros.- Sei lá! Sorria!”
Se bem que merecia um tratamento melhor…
Por outro lado, temos o clássico Bey-Blade. Apesar de ter uma história única, afinal, iriam tirar o QUÊ de peões luxuosos, Bey-Blade foi claramente criado para promover o brinquedo, que por si só não teria tanta fama. Foi preciso ver aqueles personagens SD com cabelos espetados estranhos (típicos desses desenhos) gritando Let´s RIP! e lançando aqueles peões anabolizados. Quem que teve um daqueles peões e nunca desejou que realmente tivesse um terço da emoção do anime, no qual os peões ainda faziam saltos e liberavam aqueles animais mitológicos absurdamente grandes?Seguindo essa linha temos Pokémon, Monster Rancher, o atual Bakugan e mais uma penca de quinquilharias tecnolóticas. Descarado é ver, nos intervalos do Cartoon, a propaganda das bolinhas de gude transformers, para vender em qualquer loja de brinquedos. Mas cada caso é um caso e todos tiveram sua chance de se diferenciar, nem que seja um pouco. Ainda assim, cada um desses animes tem lapsos, cria alguma identidade própria e por pouco não se salva. O próprio Pokémon aproveita os filmes para utilizar fórmulas que nunca seriam usadas na versão da tevê. O que me leva a pensar que os times criativos do filme deveriam substituir os da série. E alguém já ouviu falar do mangá de Pokémon? Se era pra fazer uma versão em anime da história dos jogos, deveriam ter usado a história do mangá, que segue a risca o que aparece nos videogames.
Monster Rancher e Digimon são dois que se salvam um pouco dessa maré. O primeiro, detestado por muitos, é uma adaptação de um jogo de PlayStation que tinha como diferencial a possiblidade de você criar monstros utilizando outros jogos do mesmo videogame. “COMO É, KURO?!?”, você me pergunta, padawan e eu te explico. Havia um templo no jogo em que você poderia criar um monstro utilizando um disco de pedra. Para isso era só preciso iniciar o ritual, abrir a tampa do videogame, trocar o cd por outro jogo, como Metal Gear Solid e fechar. O jogo leria os dados do cd e criaria um monstro baseado neles. Fantástico não? E lá se foram horas tentando não pegar outro daqueles malditos Mocchi ou o sem noção do Suezo. Nunca consegui o Golem, infelizmente…
Caham, continuando, a versão animada dessa história mostrava um garoto que conseguiu exatamente esse jogo e acabou sendo sugado para dentro dele. Lá, ele passou a lutar com o malvado Mu e… Ok, isso é parte da música de abertura. De qualquer forma, ao contrário do jogo em que você treinava o monstro para lutar em torneios, Monster Rancher anime mostrava uma jornada de evolução e os torneios apareceram vez ou outra. Assim, o anime ganhou uma história definida, mais parecido com Dragon Quest do que com Pokémon e Bey-Blade (e eu ainda vou falar muito desses dois).
Já Digimon é um caso de tiro no pé que acertou a maldita minhoca. Tentando competir com Pokémon, esse anime foi concebido para ser mais “adulto”, com lutas de verdade e monstros que se feriam e, mais forte do que nunca, MORRIAM. SIM, há mortes em Digimon! E dane-se que não tem sangue, alguém já viu pessoas ou pokémons morrerem de verdade? Foi o que pensei. Logo, Digimon cresceu tanto que não competia mais com Pokémon, mas o ultrapassava. Em muitos lugares Digimon é adorado, enquanto Pokémon é visto como mais um desenho de crianças.
Querem saber de um caso de um anime que cai injustamente nessa categoria Anime de Jogo? Yu-Gi-Oh. “Ooooooh, não apela, Black”, você grita, pequeno gafanhoto e eu te pergunto: Você já viu a primeira temporada de Yu-Gi-Oh? A VERDADEIRA primeira temporada? YGO sofre de uma polêmica: A sua primeira temporada nada tem a ver com o jogo de cartas e nunca passou por aqui. Aquele resumo longo da história do Yugi e do Yami na abertura do desenho só existe porque aquela é a segunda temporada. Na primeira, Yugi nem tem amigos e muito menos o enigma do milênio, que ganha do avô logo no começo. Ele passa a se transformar e envolver as pessoas em jogos psicológicos sombrios, quase sempre com o mundo das trevas. Toda aquela história de Yami ser bonzinho e evoluído só surge mais tarde quando ele e Yugi se entendem. Procurem, vocês vão perceber porque eu falei de Yu-Gi-Oh. E esqueçam GX e 5D´s. Aquilo só existe para vender expansões.
Conheçam o espírito jogador!
Assim, voltando ao caso de Bakugan, vocês podem perguntar: E afinal, Black, esse se salva? O pouco que vi do desenho, que parece passar quatro vezes ao dia no Cartoon, me mostrou um desenho que ainda sofre do mal de Yu-Gi-Oh depois da primeira temporada: Ele tenta a todo custo promover o jogo, explicando cada detalhe de tudo que é feito. Os personagens são rasos e as reviravoltas, em sua maioria, forçadas. Não é um desenho extremamente ruim, mas há muita coisa melhor que poderia ter sido trazida. MESMO.
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